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Deus ama a todos. Até mesmo a mim!

Hoje de manhã conheci um grupo de cristãos que se reúnem aos domingos para cantar e pregar, mas sem uma igreja estabelecida e sem ligação com qualquer outra religião. Alguns já são membros de alguma igreja, outros como eu não pertencem a lugar nenhum, mas mantém - ou recuperaram, como eu - a chama de Deus acesa em si. Aliás, algumas das pessoas que frequentam o grupo o chamam de Chama de Deus (Die Flamme Gottes). A ideia é exatamente fazer reuniões leves e sem compromisso com doutrinas, com estatutos eclesiais. Um conhecido me indicou o grupo e hoje fui conhecer. A reunião hoje foi próximo ao Jannowitzbrücke, na Alexanderstraße. Para mim foi um pouco longe, mas gostei tanto que depois nem me importei com a distância. 

Na reunião o líder disse ser admirador de Jurgen Moltmann assim como eu, e falou sobre não termos motivo nenhum para sermos motivo do amor de Deus, mas mesmo assim ele nos ama. Falou sobre Deus não pedir contrapartida para nos dedicar amor. Não é o tipo de amor que diz "eu te amo, mas eu quero ser amado também". Ele ama independente de ser recíproco ou não. Aí parei para pensar quanta bobagem já fiz e falei e mesmo assim ele ainda me ama. Já briguei com gente que não devia, falei coisas pesadas a respeito de Deus e me revoltei com a fé, mas mesmo assim o amor dele permaneceu o mesmo, intacto. Já me relacionei com gente que não devia e afastei gente que me queria bem. Errei várias vezes, tive de voltar atrás e refazer as coisas de novo, e lá estava ele, Deus, me amando e me apoiando. 

Como a reunião não é necessariamente um culto, lá temos liberdade para interromper e contar nossas experiências pessoais. Pedi permissão e falei lá o que eu escrevi acima. E o líder disse uma coisa bastante interessante: "Deus ama a Liesel, com tudo o que signifique ser Liesel. Deus não ama apenas o lado religioso e bom da Liesel, ele ama por inteiro". 

Que bom! Deus ama a Liesel, não apenas quando ela está ajudando deficientes a desembarcar do metrô ou cozinhando com a mãe em Hamburgo, mas também quando ela está brigando no telefone com a prestadora de luz, ou quando ela tem crises a respeito da fé. Deus ama a Liesel quando ela está no consultório da psiquiatra. Deus me amava quando eu passava momentos bastante difíceis em crises que eu pensava que iriam me consumir. 

E o líder encerrou a reunião nos levando a agradecer por esse amor, e pelas pessoas que nos fazem ver o amor de Deus em nós. Agradeci a Deus pelos meus amigos, pelo tempo em que passei na Czeck Republick fazendo treinamento e pelos amigos que fiz. Agradeci pelos livros sobre Deus que li. Agradeci pelas coisas simples da vida que me fazem ver Deus, como o sol que nasce em meio a um dia gelado do inverno europeu, que esse ano mostrou toda sua força. 

Gostei do grupo, e pretendo frequentá-lo mais vezes.