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Quem vai para o inferno?

Nossa, já se vão exatos 4 meses que não escrevo aqui! Me perdoem os amigos que frequentam esse blog (e que descobri serem muitos, que ótimo). É bom saber que tanta gente lê o que eu escrevo.

Recebo emails diariamente vindos de varias partes do mundo, em especial o Brasil, comentando meus textos, alguns apoiando, outros criticando, mas gosto disso. É bom saber que as pessoas se sentem a vontade para manifestar sua opinião.

Num dos emails que recebi a pessoa que se identificou apenas como sendo "pernambucana da Bahia" disse estar preocupada com minha vida espiritual. Disse que o fato de eu ter me "afastado" de Deus devido a alguns acontecimentos (que vocês podem descobrir nos textos anteriores) pode me levar ao inferno. Disse ainda que Deus é amor, mas também é Justiça. E outras coisas que prefiro não publicar aqui. 

Vamos lá. Antes de mais nada agradeço o email, mas lamento a não identificação - como disse no email que enviei como resposta  Penso que se ocultar atrás de nicknames demonstra uma certa falta de coragem em dialogar. Mas ainda assim achei que deveria responder. Primeiro preciso esclarecer o que penso sobre Deus, e é bem diferente desse deus de "justiça" que você tenta apresentar. Penso que a única justiça que Deus promove é a justiça social, a que faz com que todos tenham o mesmo direito na sociedade e penso também que qualquer pessoa ou instituição que promove a justiça é um agente divino. Mas além disso, um deus que "pune" de forma justiceira (desculpem, essa palavra existe?) só existe na cabeça de pessoas que usam a fé como arma de medo para aprisionar gente que não sabe exatamente onde quer chegar e precisa de uma corda para se segurar, caso contrário cairá no chão. A religião não pode ser uma corda que me conduz, mas o equilíbrio para que eu atravesse sozinha. 

Ainda continuando não acredito na existência do inferno pregado pela cultura popular, aquele com ambiente vermelho com um diabo de roupa brilhante e armas nas mãos, e gente gritando e gemendo em todo o lugar. Precisamos rever o conceito de inferno. Aliás, penso que o inferno é mais um conceito do que um lugar. Inferno pode ser qualquer lugar. Assim como penso que o ceu também pode ser qualquer lugar. Eu posso fazer minha casa um ceu ou um inferno, eu posso fazer da minha vida um ceu ou um inferno. Tudo depende da forma como administro meus dias. Quando Jesus disse que o "Reino de Deus" era visível, ele não falava de nenhum castelo imperial com guardas nas portas e  trono de ouro com um grande soberano sentado. O Reino de Deus era uma forma de ver o mundo, uma forma bela, uma forma de viver que pode ser comparado a um reino divino, onde os princípios de Deus fazem acontecer. 

Desculpe, mas não acredito nesse Deus que você tenta me pregar nem no inferno para onde você diz que eu talvez vá. Acredito num estilo de vida que possa ser comparado a um inferno, e tenho trabalhado muito para que meus dias fiquem longe disso.